segunda-feira, novembro 17, 2003

Other things (quisesse eu agora e não o diria tão bem dito)

"(...) a tese de Durão Barroso, tão linearmente explicada também por Luís Delgado: a de que "o envolvimento nacional numa coligação com os nossos aliados históricos dá-nos a garantia de estar no lado certo da fronteira". Eis uma profissão de fé que nenhum daqueles a quem chamamos fundamentalistas "do lado de lá" desdenharia tomar como sua: onde estiverem os nossos aliados estará o lado certo e a nossa obrigação de estar também. Se olharmos retrospectivamente, esta profissão de fé chega a ser arrepiante: estivemos moralmente com a crise do Suez, com o Vietname, com o Chile de Pinochet e a Argentina dos generais assassinos, estivemos e estaremos com Israel no Médio Oriente e até um pouco de nós esteve solidário em espírito com o bombardeamento de Dresden e com a tripulação do "Enola Gay" despejando a sua morte atómica sobre Hiroxima e Nagasáqui. Porque nós, portugueses, não temos política externa nem princípios próprios: temos aliados. E onde eles forem, devemos marchar atrás, mesmo que na pequenez de um batalhão da GNR."

Miguel Sousa Tavares no Público de 14 de Novembro de 2003

sexta-feira, novembro 07, 2003

Blog dinners 1

Nem sempre se tem sorte. Nem sempre a sorte se prolonga. Mas quando os astros se conjugam, o conceito de pátria ganha outro brilho.

É uma sorte quando estamos com almas gémeas na inquietação e no horizonte. Quando o caminho é pisado em comunhão. Quando se fala a mesma lí­ngua e não apenas sentenças no mesmo português.

Ontem, foi dia de sorte. Jantar com assunto consistente e inquietações que fazem sentido. Tudo diluí­do na leveza das reuniões que encontram a amizade no banco ao lado. E claro... Sagres preta a acompanhar. O sí­tio: Galeto. O assunto: por que esperas Portugal? Os protagonistas: a santí­ssima trindade disfarçada num barbudo, num narigudo e num outro que sonha em perseguir camiões na auto-estrada.

Na lenta caminhada para o Galeto escortejámos o futuro do paí­s, maldissemos os paladinos da hierarquia e quisemos que fosse cumprida a máxima de Fernando Pessoa:
(porque não é ainda tempo de desistir, só uma coisa nos trespassava na vontade) "Senhor, falta cumprir-se Portugal!".

Mais jantares venham e um dia se cumprirá a pátria, que não é o solo que pisamos mas as ideias partilhadas por quem de direito. Aqueles que fazem um mundo inteiro de sentido.

Muchas grácias, hasta siempre