segunda-feira, novembro 17, 2003

Other things (quisesse eu agora e não o diria tão bem dito)

"(...) a tese de Durão Barroso, tão linearmente explicada também por Luís Delgado: a de que "o envolvimento nacional numa coligação com os nossos aliados históricos dá-nos a garantia de estar no lado certo da fronteira". Eis uma profissão de fé que nenhum daqueles a quem chamamos fundamentalistas "do lado de lá" desdenharia tomar como sua: onde estiverem os nossos aliados estará o lado certo e a nossa obrigação de estar também. Se olharmos retrospectivamente, esta profissão de fé chega a ser arrepiante: estivemos moralmente com a crise do Suez, com o Vietname, com o Chile de Pinochet e a Argentina dos generais assassinos, estivemos e estaremos com Israel no Médio Oriente e até um pouco de nós esteve solidário em espírito com o bombardeamento de Dresden e com a tripulação do "Enola Gay" despejando a sua morte atómica sobre Hiroxima e Nagasáqui. Porque nós, portugueses, não temos política externa nem princípios próprios: temos aliados. E onde eles forem, devemos marchar atrás, mesmo que na pequenez de um batalhão da GNR."

Miguel Sousa Tavares no Público de 14 de Novembro de 2003

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