Já agora, acabem com os bombeiros
Parece, acabo de o ler, que a Voxx vai acabar. Ao que parece, uns senhores populares decidiram que não valeria a pena prosseguir o projecto. Com a Voxx vai ainda a enterrar a Luna FM. Eu não sou melómano mas garanto-vos, a Luna era uma estação de fresca música de pauta e orquestra. Vai faltar-me a mim e à minha filha de cinco meses que sempre abria muito os olhos e alargava o sorriso sem dentes quando dançavamos um Puccini ou um Bramhs. É verdade que nunca apanhei Mahler ou Reich ou Glass. Mas, por favor, não seja esse o motivo do encerramento.
Não, o motivo será um outro que tem a ver com a falta de cultura de franjas. Começa-se por amalgamar. Depois, é só moldar. Das teorias da comunicação mais interessantes que foram escritas até à data, uma há que depois de anos de décadas de aceitação de uma aparente debilidade da televisão vem restituir à pequena caixa o seu poder hegemónico. A frase que a resume é curta: A televisão não diz às pessoas o que devem pensar, apenas sobre o que devem pensar.
Já não é novidade, se-lo-á para os ingénuos, que as ditaduras não se exercem a partir dos gabinetes de regime. Os domínios são económicos. É o económico que rege o social através da imposição de modelos simbólicos com retorno financeiro. Ora, as franjas, os "marginais" não são rentáveis. Isto é só uma das perspectivas.
A outra diz do moldar. Tudo o que escape ao mainstream é ameaçador - é como o directo em televisão -, foge do controlo do mestre. O oleiro, quando faz as suas peças, alisa as superfícies, tira impurezas, desfaz-se de restos. Ao fechar a Voxx, o popular Luís Nobre Guedes está a livrar-se dos restos, destes urbanos sofisticados que insistem em querer conhecer para além do amassado cultural que nos é embrulhado dia após dia. Já se previa isto com a ausência de gente como Ricardo Saló na TSF e a desastrada oferta de uma play-list (é assim que se escreve esta merda?).
Pois bem, eu não vou comer o contraplacado da cultura vigente. Vou continuar cada vez mais franjado e vou dar à minha filha o que eu quero. Houvesse um ship para bloquear estas ideias e já o teria accionado. Foram estas ideias que atiraram com o meu pai para a escola da vida quando governava um conterrâneo meu de vistas curtas. Ideias desenhadas em folha de hóstia regada a água benta. O meu pai teria dispensado os discursos de cátedra em troca do estudo afincado.
Pois bem, eu não vou sentar-me à mesa da amálgama. Não vou esperar que a 91.6 seja usurpada por um genial João Pedro Pais, pela Romana ou pela Ala dos Namorados. Ser-me-ía estranho ter de suportar um Rui Represas ou um Luís Veloso onde antes ouvi Silent Poets, Jazzanova e K&D. Ou os Air. Ou tantos outros.
Como dizia um amigo meu, quando há uns anos deram o golpe de misericórdia na X (ilustre progenitora da quase defunta Voxx), já agora acabem com os bombeiros e com os homens do lixo.
Um abraço e até logo
Não, o motivo será um outro que tem a ver com a falta de cultura de franjas. Começa-se por amalgamar. Depois, é só moldar. Das teorias da comunicação mais interessantes que foram escritas até à data, uma há que depois de anos de décadas de aceitação de uma aparente debilidade da televisão vem restituir à pequena caixa o seu poder hegemónico. A frase que a resume é curta: A televisão não diz às pessoas o que devem pensar, apenas sobre o que devem pensar.
Já não é novidade, se-lo-á para os ingénuos, que as ditaduras não se exercem a partir dos gabinetes de regime. Os domínios são económicos. É o económico que rege o social através da imposição de modelos simbólicos com retorno financeiro. Ora, as franjas, os "marginais" não são rentáveis. Isto é só uma das perspectivas.
A outra diz do moldar. Tudo o que escape ao mainstream é ameaçador - é como o directo em televisão -, foge do controlo do mestre. O oleiro, quando faz as suas peças, alisa as superfícies, tira impurezas, desfaz-se de restos. Ao fechar a Voxx, o popular Luís Nobre Guedes está a livrar-se dos restos, destes urbanos sofisticados que insistem em querer conhecer para além do amassado cultural que nos é embrulhado dia após dia. Já se previa isto com a ausência de gente como Ricardo Saló na TSF e a desastrada oferta de uma play-list (é assim que se escreve esta merda?).
Pois bem, eu não vou comer o contraplacado da cultura vigente. Vou continuar cada vez mais franjado e vou dar à minha filha o que eu quero. Houvesse um ship para bloquear estas ideias e já o teria accionado. Foram estas ideias que atiraram com o meu pai para a escola da vida quando governava um conterrâneo meu de vistas curtas. Ideias desenhadas em folha de hóstia regada a água benta. O meu pai teria dispensado os discursos de cátedra em troca do estudo afincado.
Pois bem, eu não vou sentar-me à mesa da amálgama. Não vou esperar que a 91.6 seja usurpada por um genial João Pedro Pais, pela Romana ou pela Ala dos Namorados. Ser-me-ía estranho ter de suportar um Rui Represas ou um Luís Veloso onde antes ouvi Silent Poets, Jazzanova e K&D. Ou os Air. Ou tantos outros.
Como dizia um amigo meu, quando há uns anos deram o golpe de misericórdia na X (ilustre progenitora da quase defunta Voxx), já agora acabem com os bombeiros e com os homens do lixo.
Um abraço e até logo
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