Conheço artesãos da palavra. Cheguei a lê-los. Invejo-os. Numa frase ou outra, num parágrafo, um capítulo inteiro terminei-os com um "cabrão" ou "filho da puta". Já aconteceu com Borges, Mrozek, já aconteceu com aquele cujo nome me escapa para que não me envergonhe, é Balzac, filho da puta que escreveu como ninguém mais, a Camus invejei tudo e cheguei a desejar as desgraças de Kafka para ser assim hábil com o irreal. Cheguei a pensar que se Bukowski era capaz qualquer coisa com que cobrisse folhas A4 seria também _______. Invejei Dante e anónimos de vários séculos. Até amigos próximos o Quintais o Neves o Faria. Mas há coisas que não enganamos. Há labores que não toleram os impostores. Há listas que nos dispensam como os cactos dispensam a água. Reconheço um artesão em cinco minutos, às vezes cinco segundos. Tristemente - não passo de um operário. Um operário indisponível para trabalhar a massa, quanto mais tratar do reboco. Talvez deva convencer-me de que a arte não é para mim, não me intrometer, não sequer insinuar-me naquele - digamos - convívio. Onde as palavras fazem as apresentações. Dizer que tudo não passou de uma obstinação, uma habilidadezinha sem margem de evolução, um truque de algibeira que não chegará a ilusionar o tempo. Não tenho a senha. A folha branca é um martírio do qual não sou digno. Mais pior - é presunção. Vejam como não domino a ferramenta básica e não digo o que quero. Chega
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