Tempos do Medo
Portugueses de todos os cantos, uni-vos. Bem sei: os tempos são difíceis.
O Governo não existe, a ver pelos exemplos. De Santana Lopes, sabia que estava a ficar careca; comprovo agoras que a sua alopécia é sobretudo interna (é a descentralização que não é, é deslocalização, mas também não é bem e, depois, finalmente, não é nada; é a diferenciação na Saúde mas que não é bem o que disse nem o que vocês pensam mas é uma coisa que me passou pela cabeça; e outros exemplos e aqueles de que nunca teremos conhecimento mas que acontecerão).
Numa altura em que se discute o segredo de Justiça e a importância da sua "preservação" e a maneira de lixar jornalistas, Fernando Negrão é nomeado para o Governo.
Afinal, António Mexia é de facto um jovem gestor de nomeada e com futuro brilhante. Então Nobre Guedes é um desajeitado político e intelectual. Digo eu, não sei.
Pelo relatório do Governo, o seu ministro das Obras Públicas é incompetente. Na opinião dos ministros da facção PSD, Mexia não tem responsabilidades no acidente de Leixões. Evidentemente que não, isso todos o sabemos. Não tem responsabilidades no acidente como não tem responsabilidade em nada.
No fim de contas, passa-se com ele o que se passa com muita gente. Era gestor da Galp como podia ser gestor de um concessionário automóvel, da CP ou de uma mercearia. Tudo o que deve constar é um cargo para o seu curriculum que apenas a ele e aos circuitos de influência diz respeito. (E isto, digo-o eu, mas lá está, são mariquices minhas, e se tem morrido gente no acidente da doca, e se tem morrido muita gente?)
A cultura da desresponsabilização que tem exemplos no Governo como os não haveria de ter por todo o lado? Já quando Paulo Teixeira apareceu na televisão a chorar quando a ponte de Entre-Os-Rios caiu, não estaria ele a chorar por, no íntimo, se ter encontrado um dos culpados da tragédia? Ele que sabia e que avisou o Governo que a ponte poderia cair mas que, como autarca de Castelo de Paiva, não lhe passou pela cabeça fechar a dita travessia, não pensou depois que aquelas mortes poderiam ter sido evitadas por si? Se calhar pensou. O que aconteceu depois? Foi elevado a herói e é agora brilhante jovem autarca, depois de ter carpido com António Guterres e Jorge Sampaio.
Há muito deixei de acreditar em políticos. Todos, numa volta de 360 graus. Desde os falsos cristãos cuja fé começa quando entram na Igreja e é de novo posta em demolho quando passam a mão pela água benta à saída. À política social que não vai ao Lux para relaxar mas que é antes relaxada. À esquerda que não sabe revoltar-se e aconchega os seus como ovelhas e os transforma em rebanho. Aos sindicatos que já não queimam um pneu há décadas.
Acredito na gente boa. Apenas conto com eles para caminhar neste mundo acerca do qual não alimento qualquer esperança. Dou dinheiro na rua porque não acredito que algumas pessoas o possam receber de outro lado - não é um gesto simpático, é um gesto egocentrista.
Portugueses, não adormeçam. Eu também sei de onde vos vem esse medo, mas não adormeçam.
Um abraço e até logo
O Governo não existe, a ver pelos exemplos. De Santana Lopes, sabia que estava a ficar careca; comprovo agoras que a sua alopécia é sobretudo interna (é a descentralização que não é, é deslocalização, mas também não é bem e, depois, finalmente, não é nada; é a diferenciação na Saúde mas que não é bem o que disse nem o que vocês pensam mas é uma coisa que me passou pela cabeça; e outros exemplos e aqueles de que nunca teremos conhecimento mas que acontecerão).
Numa altura em que se discute o segredo de Justiça e a importância da sua "preservação" e a maneira de lixar jornalistas, Fernando Negrão é nomeado para o Governo.
Afinal, António Mexia é de facto um jovem gestor de nomeada e com futuro brilhante. Então Nobre Guedes é um desajeitado político e intelectual. Digo eu, não sei.
Pelo relatório do Governo, o seu ministro das Obras Públicas é incompetente. Na opinião dos ministros da facção PSD, Mexia não tem responsabilidades no acidente de Leixões. Evidentemente que não, isso todos o sabemos. Não tem responsabilidades no acidente como não tem responsabilidade em nada.
No fim de contas, passa-se com ele o que se passa com muita gente. Era gestor da Galp como podia ser gestor de um concessionário automóvel, da CP ou de uma mercearia. Tudo o que deve constar é um cargo para o seu curriculum que apenas a ele e aos circuitos de influência diz respeito. (E isto, digo-o eu, mas lá está, são mariquices minhas, e se tem morrido gente no acidente da doca, e se tem morrido muita gente?)
A cultura da desresponsabilização que tem exemplos no Governo como os não haveria de ter por todo o lado? Já quando Paulo Teixeira apareceu na televisão a chorar quando a ponte de Entre-Os-Rios caiu, não estaria ele a chorar por, no íntimo, se ter encontrado um dos culpados da tragédia? Ele que sabia e que avisou o Governo que a ponte poderia cair mas que, como autarca de Castelo de Paiva, não lhe passou pela cabeça fechar a dita travessia, não pensou depois que aquelas mortes poderiam ter sido evitadas por si? Se calhar pensou. O que aconteceu depois? Foi elevado a herói e é agora brilhante jovem autarca, depois de ter carpido com António Guterres e Jorge Sampaio.
Há muito deixei de acreditar em políticos. Todos, numa volta de 360 graus. Desde os falsos cristãos cuja fé começa quando entram na Igreja e é de novo posta em demolho quando passam a mão pela água benta à saída. À política social que não vai ao Lux para relaxar mas que é antes relaxada. À esquerda que não sabe revoltar-se e aconchega os seus como ovelhas e os transforma em rebanho. Aos sindicatos que já não queimam um pneu há décadas.
Acredito na gente boa. Apenas conto com eles para caminhar neste mundo acerca do qual não alimento qualquer esperança. Dou dinheiro na rua porque não acredito que algumas pessoas o possam receber de outro lado - não é um gesto simpático, é um gesto egocentrista.
Portugueses, não adormeçam. Eu também sei de onde vos vem esse medo, mas não adormeçam.
Um abraço e até logo
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