Para que não nos esqueçamos de como começou o fim
Judeus assinalaram 500 anos de massacre "esquecido"
Uma oração hebraica e algumas velas acesas junto a uma oliveira marcaram a evocação dos 500 anos do massacre de milhares de judeus em Lisboa.
No largo de São Domingos, vários judeus, alguns usando o tradicional "kippah" na cabeça, juntaram-se em oração lembrando o "pogrom", o massacre que começou na igreja que ali se encontra, seguindo um apelo lançado pelo blog Rua da Judiaria.
Um dos membros da comunidade, o jornalista Ruben Obadia, disse à agência Lusa que se tratou de um "movimento espontâneo" destinado a lembrar os "três dias em que morreram entre dois mil e quatro mil judeus" em Lisboa, um "pedaço de vergonha esquecida que não está nos livros de História".
O massacre terá começado no Mosteiro de São Domingos, quando os frades, acusando os cristãos-novos de heresia, provocaram uma onda de massacres e saques às casas dos cristãos-novos, numa altura em que Lisboa estava afectada pela peste.
Segundo a crónica de Damião de Góis, "mais de mil e novecentas criaturas" morreram ao cabo de três dias de "tamanha crueldade" que tomou conta da cidade e à qual nem escaparam pessoas que não eram cristãos-novos, falsamente acusados por "portugueses encarniçados neste tão feio e inumano negócio".
"Portugal perdeu nessa altura a sua elite financeira e cultural", disse Ruben Obadia à agência Lusa, criticando a falta deste episódio nos currículos escolares e a falta de um monumento evocativo do massacre.
"Ser judeu tem muito de memória", afirmou, acrescentando que se se lembra a Shoa (o holocausto durante a Segunda Guerra Mundial), não há razão para não se lembrar o "pogrom" de 1506.
Alguns membros da comunidade não gostaram da presença da comunicação social, tentando evitar o registo de imagens, tendo Ruben Obadia explicado a reacção alegando que a comunidade "ainda é fechada".
Além disso, este é um dia sagrado para os judeus, que assinalam nesta altura do ano o "Pesach", a passagem dos povos de Israel através do Egipto, escapando à escravidão e dirigindo-se para a terra prometida.
O blogue Rua da Judiaria, do jornalista Nuno Guerreiro, apelava a que se acendessem velas, mas poucos foram os que o fizeram.
Segundo Ruben Obadia, o acto de acender uma vela está associado à homenagem aos mortos na religião judaica, mas diferentes graus de ortodoxia fazem com que nem todos aceitem esta prática num dia sagrado, em que os praticantes da religião judaica estão impedidos de trabalhar.
Além dos membros da comunidade judaica, participaram na concentração o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, o ex- provedor de Justiça Meneres Pimentel, o actor João Lagarto e o jornalista José Manuel Fernandes.
in www.rtp.pt
Uma oração hebraica e algumas velas acesas junto a uma oliveira marcaram a evocação dos 500 anos do massacre de milhares de judeus em Lisboa.
No largo de São Domingos, vários judeus, alguns usando o tradicional "kippah" na cabeça, juntaram-se em oração lembrando o "pogrom", o massacre que começou na igreja que ali se encontra, seguindo um apelo lançado pelo blog Rua da Judiaria.
Um dos membros da comunidade, o jornalista Ruben Obadia, disse à agência Lusa que se tratou de um "movimento espontâneo" destinado a lembrar os "três dias em que morreram entre dois mil e quatro mil judeus" em Lisboa, um "pedaço de vergonha esquecida que não está nos livros de História".
O massacre terá começado no Mosteiro de São Domingos, quando os frades, acusando os cristãos-novos de heresia, provocaram uma onda de massacres e saques às casas dos cristãos-novos, numa altura em que Lisboa estava afectada pela peste.
Segundo a crónica de Damião de Góis, "mais de mil e novecentas criaturas" morreram ao cabo de três dias de "tamanha crueldade" que tomou conta da cidade e à qual nem escaparam pessoas que não eram cristãos-novos, falsamente acusados por "portugueses encarniçados neste tão feio e inumano negócio".
"Portugal perdeu nessa altura a sua elite financeira e cultural", disse Ruben Obadia à agência Lusa, criticando a falta deste episódio nos currículos escolares e a falta de um monumento evocativo do massacre.
"Ser judeu tem muito de memória", afirmou, acrescentando que se se lembra a Shoa (o holocausto durante a Segunda Guerra Mundial), não há razão para não se lembrar o "pogrom" de 1506.
Alguns membros da comunidade não gostaram da presença da comunicação social, tentando evitar o registo de imagens, tendo Ruben Obadia explicado a reacção alegando que a comunidade "ainda é fechada".
Além disso, este é um dia sagrado para os judeus, que assinalam nesta altura do ano o "Pesach", a passagem dos povos de Israel através do Egipto, escapando à escravidão e dirigindo-se para a terra prometida.
O blogue Rua da Judiaria, do jornalista Nuno Guerreiro, apelava a que se acendessem velas, mas poucos foram os que o fizeram.
Segundo Ruben Obadia, o acto de acender uma vela está associado à homenagem aos mortos na religião judaica, mas diferentes graus de ortodoxia fazem com que nem todos aceitem esta prática num dia sagrado, em que os praticantes da religião judaica estão impedidos de trabalhar.
Além dos membros da comunidade judaica, participaram na concentração o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, o ex- provedor de Justiça Meneres Pimentel, o actor João Lagarto e o jornalista José Manuel Fernandes.
in www.rtp.pt
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