sexta-feira, março 19, 2004

"Quem salva uma vida salva o mundo inteiro"

Muitas vezes fazem-nos crer que a vida humana tem cotação latitudinal. Que a vida em África vale muito pouco. Que uma vida no Médio Oriente é ligeiramente "disposable". Que engano.

Eu vejo lágrimas nos funerais iraquianos como as via na aldeia remota dos meus avós. Eu vejo o ar perdido de pequenos órfãos tão desajustados aqui como em qualquer parte do mundo.

Há dias, num documentário sobre a recente invasão do Iraque: tratava da missão dos médicos norte-americanos e de um jornalista que também era médico e a ausência de dúvidas deontológicas quando teve de largar o microfone e passar horas em tendas de cirurgia improvisadas. Outros houve que, a posteriori, falaram da sua cátedra. Como se as suas mãos estivessem melhor a segurar no micro em vez de salvar vidas quando mais ninguém o poderia ter feito.

Mas outra coisa me tocou: rapidamente percebi que os médicos norte-americanos tanto cuidavam dos militares da coligação como de civis (e eventualmente soldados) iraquianos. Um desses médicos estava a tratar uma criança iraquiana gravemente ferida nos bombardeamentos cirúrgicos do seu Governo. A determinada altura, e enquanto enrolava a cabeça do pequeno em gaze, talvez num gesto mais brusco, ouvi-lhe: "Sorry, son". Também ouvi isto na lista de Spielberg: "Quem salva uma vida salva o mundo inteiro".

Até logo, um abraço

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