segunda-feira, julho 19, 2004

Versos de moleskine

Os dias que correm
oblíquos
e esgotam angústias em horas
povoadas
vêm com essa qualidade
sobranceira
de amansar
quem é feito para desistir
 
E do bolso tiram
o cálice que concede
esta sensação de pertencer ao mundo
Coisa estranha
Coisa tão estranha

2 Comentários:

Blogger Unknown disse...

just to say:
loved it!

12:54 da tarde  
Blogger Carlos Neves disse...

«Congresso internacional do medo»
(Carlos Drummond de Andrade)

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo depois da morte
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

PS: perdoa-me a extensão megalómana do comentário. É que tomei o gosto à réplica com poesia. E que belíssimos versos os teus, caramba...

4:33 da tarde  

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