sexta-feira, dezembro 10, 2010

Foi com estas meninas que fiz a meia de Lisboa no último domingo. Pelo meu cronómetro 2 horas 2 minutos e qualquer coisa. O tempo oficial diz que foi 2H03eqc. Que mania esta das organizações das corridas de me contrariarem se já sabem que não me calo. Para mais quando estive para morrer, a primeira vez na Almirante Reis, a segunda na Avenida de Roma, quando uma velhota que corria como um planador me passou à traição pela direita.
JULIAN ASSANGE: A INVERSÃO DO ÓNUS DA PROVA

era uma coisa querida ao nosso querido governo há uns anos. É engraçado que se revoltem agora contra o Wikileaks e Julian Assange por causa de uma coisa menor com o MNE.

Se há uma coisa que Assange está a fazer é a clivagem da classe dos jornalistas, não digo a classe jornalística, digo a classe dos jornalistas. Já discuti, mais ou menos a sério, mas não com excessiva energia - porque não vale a pena, de facto - a libertação de documentos classificados da Wikileaks. Eu sei onde estou e onde vou permanecer. Tenho muitas dúvidas da validade da carteira profissional de pessoas que discutiram o assunto comigo. Mas, desde logo, tenho dúvidas sobre o prazo de validade dos neurónios dessas pessoas. Com o devido respeito.

Assange revolucionou o jornalismo como não se pensava ser possível até poucos meses atrás. Há duas semanas estava eu a entrar no sítio onde trabalho - curiosamente, onde sou jornalista - e estava a pensar que tipo de revolução estava ainda por ser levantada nas formas de fazer jornalismo sem que as novas modas deixassem de ser jornalismo. E achei que nada, nunca mais, poderia mudar a procura da notícia. Enganei-me. A Wikileaks rebentou com todas as lógicas da forma mais perversa que se poderia imaginar. Em especial para os culpados. Vão escrever-se muitas teses sobre isto, e tudo por causa de Assange, que à conta disso foi acusado de um estrupo sexual que já nem a alegada vítima quer sustentar.

Antes era usual quando se escrevia a notícia virem os culpados dizerem: provem-no. Com o Wikileaks é brilhante: primeiro publicam-se as provas e depois é que se escreve a notícia. Fatal.

É a inversão mais brutal de que me lembro nas lógicas da profissão. 1. Escrever e provar o que se escreve. 2. Expor as provas e deixar que todos escrevam sobre a coisa.

E a quem aponta o dedo a Assange e lhe chama fdp, talvez achem, por exemplo, que seria mais útil que não se soubesse do tal envolvimento do Governo de Maputo no narcotráfico. Podem achar à vontade, mas não podem dizer que são jornalistas. Ou melhor, não são exactamente jornalistas, são portadores de cartão com a palavra jornalista. Eu também tenho um Visa que nunca uso, mas não o pago ano sim ano não.

Quanto a critérios de jornalismo, não os mando a lado nenhum, mando-os ao elpais, aos nyt, ao lemonde, aoguardien, ao spiegel. E quanto ao resto, sempre gostei da Linda Lovelace.