domingo, março 29, 2009

Saudades

Nasci numa cidade do interior. Não lhe sinto a falta. Pouco me diz. Não me chama. Mas a aldeia dos meus avós, que é dizer a aldeia dos meus pais, está a cada momento à espera para me assomar aos olhos. E nessa altura sinto também falta da rua em que cresci, não da cidade inteira, mas dessa rua, como uma extensão da aldeia dos meus avós, que tem nome de origem egípcia, dizem.

Sinto falta dessa aldeia, belíssima, como sinto falta do que era eu nas férias grandes de Verão.

domingo, março 22, 2009

Lance Armstrong (Luz Ardiden 2003)

Pequena homenagem à horda de desinspirados que andam a governar-me há anos.

E um lamento. Um profundo lamento.

sexta-feira, março 20, 2009

Os trinados de VReilly são a porta aberta para os verões de aldeia. Um outro tempo quando mastigar o ar quente era ainda possível. Todos ou quase eram vivos algures. Pouco mais do que pele era o que o dia exigia como um interminável caminho de iniciação em cerimónias primordiais a cada caminho de terra num paraíso perdido nas fronteiras do mundo. A boca recheava-se do vermelho de tomates biológicos apanhados na horta de alguém e o ar era cheio de silêncios interrompidos por pássaros ou juntas de bois que dispensavam passadas cerimoniosas ao carro de juncos que gemia logo atrás. O tempo era todo mas o relógio era usado com parcimónia. Durante a tarde deixava Manchester entrar-me pelo quarto que outrora fora adega ou silo, talvez silo. E sinto que o mundo me escapou por debaixo dos pés a cada vez que ouço o LC. Uma ideia de falhar, como se fosse já inútil procurar todos estes anos depois onde está aquele rapaz que eu vejo agora à sombra da perfeição. Aquele rapaz que era eu e que apenas por farsa se mostrava domesticado. Lembrei-me disso depois disto http://www.lexico-familiar.blogspot.com/. E temo por aqueles que nos governam sem génio, sem um rasgo ou um gesto de imaginação. Triste mundo o dos adultos. O PAeS conheci-o vagamente nos corredores da universidade. Do que lhe vi e ouvi seria um bom começo para os dias futuros.

quinta-feira, março 19, 2009

tinha qualquercoisa para escrever. interessante. mas se começar agora peloqueseiqueestá dentro minha cabeça só esgoto as palavras lá para as quatrodamanhã. e isso não pode ser. claro que podia tercomeçado a escrever antes masháumahora só se versasse sobre batatas e peixegrelhado. e isso não teria tido qualquer peso para a humanidade das palavras. oramerda. vêseacordas