quarta-feira, fevereiro 23, 2005

A genialidade segundo George W. Bush

"This notion that the United States is getting ready to attack Iran is simply ridiculous," Bush said. "And having said that, all options are on the table."

(in "washingtonpost.com")


Eu tinha escrito um post sobre isto. Mas o servidor não foi encontrado e o texto foi às urtigas. Espero que não seja a CIA a meter o bedelho, ou o FBI, ou a DEA ou outra merda qualquer.

Bem, o texto era mais ou menos isto - da-se, espero que a memória táctil funcione.

A táctica norte-americana para lidar com (o diferendo sobre o programa nuclear d) o Irão passa por duas ideias: a suposição de que temos (os estados Unidos) um plano de ataque contra aquele país é uma ideia ridícula; todas as opções estão em cima da mesa. Digo agora eu, numa interpretação simplista: os Estados Unidos acham que um plano para atacar o Irão é uma coisa ridícula; todas as possibilidades estão em aberto para lidar com o regime de Teerão; um ataque militar contra o Irão é uma possibilidade; os Estados Unidos ponderam uma via ridícula para resolver o diferendo com os mullahs.

Se calhar isto é uma interpretação demasiado livre. Mas depois, daqui a uns meses, digam que sou eu quem tem mau feitio.



Um abraço e até logo

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

A melhor notícia dos últimos tempos (oficial - pelo menos para a BBC)

"A Universidade do Vaticano criou um novo curso para exorcistas - padres católicos que expulsam espíritos malignos de possessos, noticia hoje a BBC na sua edição "online".

O curso, na prestigiada Athenaeum Pontificium Regina Apostolorum, incluirá a história do Satanismo e o seu contexto na Bíblia, precisa a estação, segundo a qual serão também ministradas aulas práticas de Psicologia e Direito.

O novo curso surge num momento de forte preocupação em Itália pela influência dos cultos Satânicos, especialmente populares entre a camada mais jovem." (in online da RTP)


Um abraço e até logo

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Jerónimo de Sousa

Se uma coisa positiva se manifestou nesta campanha foi o líder comunista. Muita gente - também eu - se enganou ao pensar que acabava com o grito de Jerónimo o enclave do PCP.

Pelo contrário, Jerónimo de Sousa é um gentleman.

Quanto ao debate de ontem na RTP, com excepção do caso Jerónimo - que ainda assim teve a melhor tirada da noite: "perdi a voz mas não perdi a esperança" -, não pude deixar de reparar na quietude de Sócrates, no coelho tirado da cartola bloquista de Louçã, no abatimento lá para o fim de um de novo enfadado e cinzento Santana (como um líder prestes cair no precipício) e, last but not least, no primeiro tiro no pé de Portas.

Disse na sua mensagem final que... os brilhantes portugueses, geniais e os empresários que esses sim devem ser incentivados. O líder popular esqueceu num assomo de sinceridade o povo das ruas e das feiras que o levaram ao colo. Quanto a mim digo - esses a quem ele dirigiu as sábias e últimas palavras não são quem preocupa, esses sabem como vencer a vida. A mim, quem me preocupa, são os jovens de Cascos-de-Rolha-Atrás-do-Sol-Posto. As famílias que trabalham inteiras na fábrica que fecha e não poderão nunca abrir empresas. Aqueles a quem foi roubada a meninice e não têm agora anos de escola que os poderiam ajudar na sobrevivência.

É verdade - empresários significam mais empregos. Mas não é "fazer" mais jovens empresários de sucesso. É "manter" os que existem e obrigá-los a não fugirem ao que são - obrigá-los a serem líderes e não apenas patrões.


Um abraço e até logo que não sei ainda em quem vou votar (pelo menos - sei em quem não vou votar)

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Coitadito, vá - deixem lá o senhor

Estava Pinto da Costa lá no Dragão a dizer que o Benfica era beneficiado nas arbitragens e que não sei que mais e vira-se e pergunta "Como é que se chama aquele alemão com que eu vou poder contar?" e respondem-lhe "O Alzheimer senhor Jorge Nuno, o Alzheimer".


Um abraço e até logo

domingo, fevereiro 06, 2005

A pastar nos blogs alheios e a roubar textos, desta vez um poema posto no Abrupto

"¿Quién muere?

Muere lentamente
quien se transforma en esclavo del hábito, repitiendo todos los días los mismos trayectos, quien no cambia de marca.
No arriesga vestir un color nuevo y no le habla a quien no conoce.
Muere lentamente
quien hace de la televisión su gurú.
Muere lentamente
quien evita una pasión,
quien prefiere el negro sobre blanco
y los puntos sobre las "íes" a un remolino de emociones, justamente las que rescatan el brillo de los ojos, sonrisas de los bostezos, corazones a los tropiezos y sentimientos.
Muere lentamente
quien no voltea la mesa cuando está infeliz en el trabajo, quien no arriesga lo cierto por lo incierto para ir detrás de un sueño, quien no se permite por lo menos una vez en la vida, huir de los consejos sensatos.
Muere lentamente
quien no viaja,
quien no lee,
quien no oye música,
quien no encuentra gracia en si mismo.
Muere lentamente
quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.
Muere lentamente,
quien pasa los días quejándose de su mala suerte o de la lluvia incesante.
Muere lentamente,
quien abandona un proyecto antes de iniciarlo, no preguntando de un asunto que desconoce o no respondiendo cuando le indagan sobre algo que sabe.

Evitemos la muerte en suaves cuotas,
recordando siempre que estar vivo exige un esfuerzo mucho mayor que el simple hecho de respirar.
Solamente la ardiente paciencia hará que conquistemos una espléndida felicidad.

(Pablo Neruda)"


Um abraço e até já

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Quinta-feira à noite

Blah Blah Blah Blah Blah Blah Blah Blah
Blah Blah Blah Blah Blah
Blah Blah Blah Blah Blah Blah
Blah Blah Blah Blah Blah
Blah Blah Blah Blah Blah Blah Blah Blah Blah
Blah Blah Blah Blah Blah Blah Blah
Blah Blah Blah Blah Blah Blah


PS - O Martin Luther King estava era muito pálido e farto daquilo e disto tudo - enfim: enfartado.


Um abraço e até logo

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Ser outro

Se pudesse escolher hoje um nome para mim seria Joaquin Navarro-Valls. Não conheço o carácter do senhor, mas o nome é à maneira.


Um abraço e até já

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Amigos de sempre I

É com este senhor que se inicia aqui neste blog uma secção (secção, que fique bem explícito, não é um sexo descomunal) dedicada a alguns amigos meus.

Nesta foto, ele aparece como o vi em pessoa a única vez que o vi em pessoa - apesar de ter estado com ele a sós no meu quarto, passeado com ele pelas ruas, no metro e muitos outros sítios em que apenas se pode estar e são portanto impossíveis de nomear.

Vi-o então, tinha eu uns vinte anos, na sala grande da Gulbenkian. Já conhecia quase tudo o que havia para conhecer acerca dele. Curiosamente, nessa noite acabei por falar com ele. Disse-lhe: okay, no problem.

Quando ele apareceu por detrás das cortinas, caminhou no palco, toda a sala fez silêncio e as cabeças voltaram-se. Trazia umas calças e uma camisa semelhante à farda dos condutores da Carris. Usava também óculos, o que quase nunca aparece nas fotografias dele. E, talvez por causa disso e das ferramentas que criavam volumes enormes nos bolsos e sons de oficina a descerem-lhe das pernas, todas as cabeças regressaram às posições originais e o burburinho reinstalou-se na sala grande da Gulbenkian.

Andou pelo palco a afinar marimbas e marucas e maracas e maraqualquercoisas e xilofones e depois desceu do palco. Dirigiu-se às cadeiras da plateia, incógnito, como um afinador de pianos, deslizou até à mesa de misturas, encontrou-me a mim e a uns amigos pelo caminho - instalados em cadeiras interditas - e perguntou-nos com a amabilidade de génios opostos ao génio de Beethoven: "Do you mind (qualquer coisa passar para a fila da frente)?" - "Okay, no problem".

Fez o que tinha a fazer. Deslizou pelas cadeiras em sentido inverso. Subiu ao palco. Desapareceu por entre as cortinas. As luzes da sala desceram. Fez-se silêncio entre tosses que pontilhavam a sala grande. Ele entra e então, só então, nos damos conta que é ele porque não traz os óculos e é detonada uma salva de palmas a que responde baixando a cabeça. O que se seguiu é história. Da mais brilhante que já se ouviu.

Não era condutor de autocarros, mas no início da carreira foi taxista (penso que em Nova Iorque).


Um abraço e até logo