terça-feira, novembro 23, 2004

A pastar nos blogs dos outros, desta vez no "Glória Fácil..."

"Bruxelas chumbou o negócio do gás da EDP

Outro galo cantaria, evidentemente, se tivéssemos um português a presidir à Comissão. Ou não era?

# posted by JPH @ 18:05"


E esta, hein? Hein Hein Hein Hein Hein Hein?


Um abraço e até logo

sábado, novembro 20, 2004

Ja agora - Franz Kafka - um conselho traduzido do brasileiro

"Diante da Lei está um guarda. Vem um homem do campo e pede para entrar na Lei. Mas o guarda diz-lhe que, por enquanto, não pode autorizar lhe a entrada. O homem considera e pergunta depois se poderá entrar mais tarde. -"É possível" - diz o guarda. -"Mas não agora!". O guarda afasta-se então da porta da Lei, aberta como sempre, e o homem curva-se para olhar lá dentro. Ao ver tal, o guarda ri-se e diz. -"Se tanto te atrai, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara sou forte. E ainda assim sou o último dos guardas. De sala para sala estão guardas cada vez mais fortes, de tal modo que não posso sequer suportar o olhar do terceiro depois de mim".
O homem do campo não esperava tantas dificuldades. A Lei havia de ser acessível a toda a gente e sempre, pensa ele. Mas, ao olhar o guarda envolvido no seu casaco forrado de peles, o nariz agudo, a barba à tártaro, longa, delgada e negra, prefere esperar até que lhe seja concedida licença para entrar. O guarda dá-lhe uma banqueta e manda-o sentar ao pé da porta, um pouco desviado. Ali fica, dias e anos. Faz diversas diligências para entrar e com as suas súplicas acaba por cansar o guarda. Este faz-lhe, de vez em quando, pequenos interrogatórios, perguntando-lhe pela pátria e por muitas outras coisas, mas são perguntas lançadas com indiferença, à semelhança dos grandes senhores, no fim, acaba sempre por dizer que não pode ainda deixá-lo entrar.O homem, que se provera bem para a viagem, emprega todos os meios custosos para subornar o guarda. Esse aceita tudo mas diz sempre: -"Aceito apenas para que te convenças que nada omitiste".
Durante anos seguidos, quase ininterruptamente, o homem observa o guarda. Esquece os outros e aquele afigura ser-lhe o único obstáculo à entrada na Lei. Nos primeiros anos diz mal da sua sorte, em alto e bom som e depois, ao envelhecer, limita se a resmungar entre dentes. Torna-se infantil e como, ao fim de tanto examinar o guarda durante anos lhe conhece até as pulgas das peles que ele veste, pede também às pulgas que o ajudem a demover o guarda. Por fim, enfraquece-lhe a vista e acaba por não saber se está escuro em seu redor ou se os olhos o enganam. Mas ainda apercebe, no meio da escuridão, um clarão que eternamente cintila por sobre a porta da Lei. Agora a morte está próxima.
Antes de morrer, acumulam-se na sua cabeça as experiências de tantos anos, que vão todas culminar numa pergunta que ainda não fez ao guarda. Faz lhe um pequeno sinal, pois não pode mover o seu corpo já arrefecido. O guarda da porta tem de se inclinar até muito baixo porque a diferença de alturas acentuou-se ainda mais em detrimento do homem do campo. "Que queres tu saber ainda?",pergunta o guarda. -"És insaciável".
-"Se todos aspiram a Lei", disse o homem. -"Como é que, durante todos esses anos, ninguém mais, senão eu, pediu para entrar. O guarda da porta, apercebendo se de que o homem estava no fim, grita-lhe ao ouvido quase inerte. -"Aqui ninguém mais, senão tu, podia entrar, porque só para ti era feita esta porta. Agora vou me embora e fecho-a".


O resto esta em "O processo"

Um abraço e ate logo

sexta-feira, novembro 19, 2004

"Know your rights"

"This is a public service announcement
With guitar
Know your rights all 3 of them
I say

Number 1: You have the right not to be killed
Murder is a CRIME!
Unless it was done by a
Policeman or aristocrat

Number 2: You have the right to food money
Providing of course you
Don't mind a little
Humiliation, investigation
And if you cross your fingers
Rehabilitation
Wang! Young offenders! Know your rights

Number 3: You have the right to freeeee
Speech as long as you're not
Dumb enough to actually try it.

Know your rights
These are your rights
All 3 of 'em
It has been suggested
In some quarters that this is not enough!
Well..............................
Get off the streets
Get off the streets
Run
You don't have a home to go to
Smush
Finally then I will readd you your rights
You have the right to remain silent
You are warned that anything you say
Can and will be taken down
And used as evidence against you
Listen to this
Run"


Isto, diziam os Clash em 1982. Mas e claro - os filhos da puta eram so uma cambada de drogados com alfinetes enfiados nas bochechas, os cabroes. E obvio para quem dirijo esta mensagem. Acordem portugueses.


Um abraço e ate logo. E, Carlos, nao e tempo de desistir. Nao agora que estas em forma.

De improviso, com o Moleskine fechado, do que me contaram

um amigo que eu acho que conheço bem disse-me que numa destas manhãs quando entrava em casa viu um sem-abrigo à sua porta a comer pão que acabara de comprar na padaria do lado e enquanto subia as escadas não lhe saía da cabeça que aquilo não era coincidência que aquele tipo velhote e de cara fechada e a disparatar para o ar não costumava acercar-se tanto do seu mundo e a manhã estava fria e ele sempre de camisa engelhada e pulover gasto e largueirão que ele já lhe via no inverno passado e com uma manhã tão fria e pensou que aquilo não acontecia por acaso e quando chegou a casa foi ao roupeiro e tirou um daqueles casacos oleados que se usam por cima dos fatos e que ele apesar de quase nunca usar fato preservava para um dia destes frios que precisasse de usar fato e podia usar o dito casaco oleado por cima e não teria problemas com o frio mas frio estava era naquela manhã e o velho só de camisa e pulover aquilo não era coincidência porque ele nos últimos dias já anunciara aos anjos e aos santos que ía dar uma volta ao roupeiro e começaria em breve a distribuir roupa portanto aquilo não era por acaso não era coincidência e então foi ao roupeiro e agarrou no casaco voltou a descer e chegou-se ao pé do homem que praguejava contra as pedras do passeio e disse-lhe quer este casaco eu acho que lhe fica bem e o homem de barba grande quase mal-aparada e branca e cinzenta olhou-o e olhou depois o casaco-oleado e daquele quase bicho abriu-se um rosto humano que num sorriso estranho a toda a ira que antes despejava perguntou e não lhe vai fazer falta e o meu amigo ficou desarmado e às tantas já só conseguia dizer eu acho que lhe fica bem eu acho que lhe fica bem mas o senhor perguntava com sinceros cuidados e não lhe vai fazer falta e o meu amigo apenas dizia não eu acho que lhe vai ficar bem e o homem ficou convencido e disse é bonito não lhe fará falta é bonito e o meu amigo disse-me que já não conseguia dizer mais nada e quando o senhor lhe disse obrigado apenas disse não obrigado eu e voltou a subir para casa com os olhos húmidos e uma estranha esperança no coração muito aquecido naquela manhã gelada


Um abraço e até logo