sexta-feira, setembro 12, 2003

Blog goes out

Onze de Setembro - será, honestamente, que esquerda e direita ainda não perceberam o que se passou? Sem retóricas, sem oblíquas análises politizadas? DE CERTEZA QUE AINDA NÃO PERCEBERAM? Acharam estranho? Impensável? "Ground Zero" - a expressão não vos diz nada? Sabem onde foi utilizada pela primeira vez e de facto com mais justiça? Disse MAIS justiça, não disse com justiça - nunca fui pela matança de inocentes, mesmo por DESÍGNIOS MAIS ELEVADOS. Ao contrário da real politik americana.

Pequeno exercício - os portuguese têm uma expressão engraçada: só à chapada. Quando dizem isto, é porque esgotaram todos os outros recursos. Quando se fala da relação das administrações americanas com o Mundo, percebe-se que o poder negocial é nulo (veja-se no Conselho de Segurança par invadir o Iraque, o 11 de Setembro não ensinou nada). Alguém pensou: só à chapada. Mais dia menos dia a História levaria os americanos a provarem do seu próprio remédio. Foi no onze de Setembro. Em que ano do século vinte é que se começa a fazer a lista para dividir as culpas?

Um abraço

terça-feira, setembro 09, 2003

Blog Classics 1

Quando eu era novo - como na cançoneta dos Pink Floyd - e o Sol brilhava durante a tarde e se punha laranja mais para a noite, havia uma coisa que se chamava Toddy. O Toddy eram umas latinhas feitas ergonomicamente à medida da mão de um puto de dez onze anos. Muito mais pequenas do que as latas de Coca-Cola, traziam dentro um leite achocolatado consistente e macio - como se fosse retirado à saída da teta da vaca e adicionado com chocolate sedoso mas não demasiado doce.

No fim da lata tínhamos restos semi-líquidos de chocolate, ou semi-sólidos de leite, como um néctar, um bónus só comparável a gelado italiano mas melhor, muito melhor - o melhor da infância.

Tenho pena de todos os miudos que nasceram depois de 1980 e não chegaram a ter o prazer de esfolar os joelhos em futeboladas pela tarde fora para depois chegar a casa e beber um Toddy fresquinho. Como eu fazia tantas e tantas vezes. A dar golos largos, o cabelo molhado e o suor a cair-me pela cara. A tarde a cair, com o Sol a pôr-se laranja ao fundo da minha rua, a desaparecer por detrás da igreja.

É uma pena, o Mundo do mercado é muito insensível.


Até logo

segunda-feira, setembro 08, 2003

Blog goes Out

A Administração Bush pede tropas aos aliados. No discurso deste domingo à Nação, o presidente dos norte-americanos veio reconhecer a incapacidade para lidar sozinho com o problema que está a ser o Iraque. Talvez não tenha dito assim, mas a admissão é clara.

Mas os franceses já disseram "não" e os alemães já disseram "não". Que outra coisa poderiam vir agora dizer? Mantêm a linha de raciocínio que os levou a votar contra a invasão no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nem mais nem menos.

O que se alterou agora - à excepção das inesperadas baixas da coligação, da incapacidade para reordenar o caos depois de desmontado o esquema social dominante e, como reconheceu o falcão da administração, o secretário Rumsfeld, a actuação de uma resistência bem organizada - que valha uma mudança de atitude? Por parte do eixo franco-alemão, que continua a não ver nem armas de destruição massiva nem ligações de Saddam à al-Qaeda - nada. Por parte de um Bush pré-eleitoral, a braços com despesas iraquianas que só ele não via, nem ele nem o lobby neo-liberal de génios saídos das melhores escolas - tudo. Claro, it’s the economy stupid.

E que cenoura tem George W. Bush para acenar a Paris e Berlim? Soldados a voltarem para casa num saco? Claro que a liberdade tem os seus custos. Mas foi isso que orientou o ataque dos Estados Unidos e Grã-Bretanha?

Uma vez que o blog foi dar uma volta pelo Mundo, regista aqui um exemplo de gestão de interesses sem lógica que constatou e que não quer ensinar a todos os meninos que entram agora no ano lectivo.

A administração norte-americana começou há muito com os planos de invasão do Iraque - qualquer coisa como um filho a acabar a obra do pai. Na impossibilidade de avançar sozinha - problema que era apenas falso - quis expor os seus argumentos. Argumentos que teve de defender e desenvolver à medida que enfrentava a Velha Europa, a ressessa e mal agradecida Europa.

Vamos às premissas.

1. Ideia inicial: decapitar o regime de Saddam Hussein.

2. Convencer os parceiros do Conselho de Segurança da legitimidade da decisão.

3. Ter em conta que existem regimes mais sanguinários do que o iraquiano. Nomeadamente alguns empossados pela CIA e outros como o regime de José Eduardo dos Santos. O regime angolano, com uma diferença - grande parte dos iraquianos vivia razoavelmente, uma ínfima parte dos angolanos não vive na miséria.

4. Convencer a comunidade internacional que se justificava actuar no Iraque e não em OUTRO SÍTIO QUALQUER. Vamos então usar (pode ser feia esta palavra) os medos do Mundo Ocidental: a ameaça nuclear e o problema do terrorismo.

5. Estou a ver o ar satisfeito de Donald Rumsfelf, Paul Wolfowitz e os outros eteceteras a comunicarem O GRANDE PLANO a Bush, o jovem. Mister president, we say there are links betwen Saddam Hussein and the al Qaeda of Bin Lade. And then we add, The regim in Baghdad has weapons of mass destruction (só faltavam os 45 minutos químicos e olhem o que fez ao Governo de Tony Blair). E pronto, estava resolvido o problema.

6. Este ditador tinha de ser enfrentado antes que fosse a nossa desgraça. Porque este ditador era diferente dos outros: tinha armas de destruição massiva e apoiava a al Qaeda.

7. O que os norte-americanos ainda não perceberam é que quatro meses depois, não há nem armas de destruição massiva nem ligações a Bin Laden (os serviços de informações espanhóis assim o disseram, esses da mesma Madrid que apoiou o ataque). Ou seja: Saddam é tão mau para nós, a Velha Europa, como José Eduardo dos Santos. Com uma diferença, o angolano nada se importa com o seu povo, Saddam tinha uma sociedade cosmopolita e organizada - com graves problemas de perseguição, é certo, mas mais estável do que a actual administração civil dos EUA. De tudo isto resulta que os únicos LINKS de que nos damos conta é de Bin Laden ao lado dos americanos nos idos de oitenta e de Rumsfeld a apertar a mão a Saddam nos idos de oitenta (era Reagan) pouco antes do ditador de Bagdad ter gaseado os curdos (donde terá vindo aquele gás?).

Maneiras que é assim. Bush perdeu o pé e está a afundar-se. E quer levar outros ao fundo com ele. Mas ele está a lidar com a Velha Europa. E essa Europa sabia que não haveria de haver jokers para jogar no Iraque pós-Saddam.


Hasta la vista

sexta-feira, setembro 05, 2003

Uma dúvida que me assalta há anos, ingénuo que sou: Sinecurismo anacrónico. Existe? Em Portugal?

Um abraço

quinta-feira, setembro 04, 2003

Como diria José Pacheco Pereira, um blog anónimo é um blog infame.

Ficha de Identificação:

Gustav Mahler poderá ter sido o expoente da criação; a Sagres preta supera a Guinness; a última grande descoberta de que me lembro foi há uns anos Francisco Zurbaran (1598-1664), e que começou com um quadro de São Francisco - um mestre do chiaroscuro. Isto diz mais sobre mim do que pôr aqui o meu nome ou dizer que sou um jornalista que está por fazer o que quer ou que sou um isctiano em boa parte do meu cérebro.

Até logo

Estou um pouco farto de gente que não sabe escrever - e escreve. De gente que não sabe falar - e fala. De gente que não sabe pensar - e pensa. De gente que não sabe cantar - e canta. Não era isto o que eu queria para o meus país porque não é isto o que eu quero para mim.

De tudo, fica-me uma terrível pena das gentes da terra. Que falam mal mas sabem o que dizem. Que pensam e se desenrascam. Que podem apenas não saber escrever porque não os deixaram. Sem brilhantismos e holofotes. Que nasceram para viver. Como a minha avó - verdadeira de corpo inteiro - genuina como poucos. Não sbia ler. Não sabia escrever. Todos os dias o campo era a sua vida, sem férias. Mas nunca lhe conheci uma presunção. Que esteja bem - se a fé dela valer mais do que o incrédulo que eu sou.

Até já

quarta-feira, setembro 03, 2003

Muitas vezes queria a espada na vez da pena. Mas isto não é maneira de estrear o dia.

Até logo